Sempre fui apaixonada por escrever. Mais até do que sou pela leitura. Acho que ai pode estar um grande erro!
Ouvimos falar que se nascemos com dois ouvidos e uma só boca, devemos ouvir mais e falar menos. Aliás, também peco por não seguir esse conselho! Seguindo a mesma lógica, seria mais sensato lermos mais do que escrevemos, já que temos dois olhos e, geralmente, só escrevemos com uma de nossas mãos. Acho essas teses interessantes, mas, como já disse, não sou de seguí-las: escrevo mais do que leio e falo mais do que ouço.
Talvez a idade me faça ter mais sabedoria quanto a isso. Aos 21, me considero intelectualmente hiperativa. E não é de forma a auto elogiar-me que digo isso. Por contrário. Sou muito seletiva quanto ao que leio e ouço, mas nem um pouco em relação ao que falo e escrevo. Escrevo de tudo. Falo demais.
Escrevo, sobretudo, sem passar as idéias ao papel, ou salvá-las no computador. Escrever é uma atividade dúplice. Escreve-se primeiramente no intelecto e depois, simbolicamente, torna-se físico (ou não) o mentalmente escrito.
Há muito, não tenho coragem de prosseguir ao segundo passo do que considero escrever. Como já disse, escrevo muito, mas não é a tudo que dou vida física (logo, escrevo pela metade). O fato é que hoje cansei de ruminar certas idéias. Cansei de acumular escritos internos. Talvez exteriorizando certos pensamentos poderei ser mais entendida, não só pelos outros, mas especialmente por mim. Sou geralmente muito crítica em relação ao que escrevo. Talvez para poupar a todos de ler garbageria (ah, também adoro os neologismos!).
Enfim, fiz-me a promessa de não me extender demais nesse texto, mas não consigo não ser prolixa...
O propósito de escrever é, talvez, um propósito egoista! O texto é meu, minha cara, meu espelho. Escrever fisicamente - de forma a exteriorizar as idéias - é o ato de eternizar um ponto de vista pessoal (que ocasionalmente pode até ser senso comum). Todo e qualquer julgamento ao texto é o julgamento ao próprio autor. Somos o que escrevemos, disso não tenho dúvidas. Quando escrevemos belos versos, estamos exteriorizando um estado de espírito. Quando escrevemos bobagens, igualmente. Podemos ter diversas máscaras, mas quando escrevemos, nos revelamos.
E darei aqui um ponto final à minha reflexão, antes que me contradiga. Pois quando somos prolixos, tendemos a nos contradizer. Já que escrever é um processo de criação e, como todos os processos, suceptíveis a acidentes de cursos responsáveis, até mesmo, por mudanças de ponto de vista.
Luiza Amália