quarta-feira, 6 de abril de 2011

Sentimentalismo Fialho

Não sei se digo
Se sigo
Em curtas formas de falar

Não sei se finjo
Perigo!
Sou apta a te enganar

As vezes calo
Entalo
Puro receio de mostrar

E meu orgulho falho
Fialho
Morre de medo de amar


sábado, 5 de março de 2011

Apesar dos carnavais

Num mundo de tantas
Possibilidades
Se apegar a uma só
É o que eu chamo de amor!

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Calle Corrientes

With my glass full of wine
With my head full of heart
I cross the street at night
And keep my thoughts apart

There is no reason in art
So why still I complain?
The end of love is tart
But there's no endless pain

Luiza Amália

terça-feira, 23 de março de 2010

Versos alternados do lago escuro

Já são, as folhas de um caderno sujo
Vestígios de um poema que um dia
Eu fiz nas margens de um lago escuro
Pairando assim em um momento cujo
Sentimento era de melancolia
Pela busca de um amor que nem procuro

Luiza Amália

terça-feira, 16 de março de 2010

Versos Inscritos numa Taça Feita de um Crânio


Tradução de Castro Alves

Não, não te assustes: não fugiu o meu espírito
Vê em mim um crânio, o único que existe
Do qual, muito ao contrário de uma fronte viva,
Tudo aquilo que flui jamais é triste.

Vivi, amei, bebi, tal como tu; morri;
Que renuncie e terra aos ossos meus
Enche! Não podes injuriar-me; tem o verme
Lábios mais repugnantes do que os teus olhos.

Onde outrora brilhou, talvez, minha razão,
Para ajudar os outros brilhe agora e;
Substituto haverá mais nobre que o vinho
Se o nosso cérebro já se perdeu?

Bebe enquanto puderes; quando tu e os teus
Já tiverdes partido, uma outra gente
Possa te redimir da terra que abraçar-te,
E festeje com o morto e a própria rima tente.

E por que não? Se as fontes geram tal tristeza
Através da existência -curto dia-,
Redimidas dos vermes e da argila
Ao menos possam ter alguma serventia.

LORD BYRON (1788 - 1824)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Ód(io) à madrugada

Oh, (Má)drugada fria
Sei que vens do leste
Expulsa pelo dia
E o Sol, (não me contestes!)
É um balde de água fria
Em vós, demônias horas
Que roubam o meu sono
E que só vão embora
Com a estrela-mãe ao trono

Luiza Amália

sábado, 20 de fevereiro de 2010

ESCREVER - algumas considerações

Sempre fui apaixonada por escrever. Mais até do que sou pela leitura. Acho que ai pode estar um grande erro!

Ouvimos falar que se nascemos com dois ouvidos e uma só boca, devemos ouvir mais e falar menos. Aliás, também peco por não seguir esse conselho! Seguindo a mesma lógica, seria mais sensato lermos mais do que escrevemos, já que temos dois olhos e, geralmente, só escrevemos com uma de nossas mãos. Acho essas teses interessantes, mas, como já disse, não sou de seguí-las: escrevo mais do que leio e falo mais do que ouço.

Talvez a idade me faça ter mais sabedoria quanto a isso. Aos 21, me considero intelectualmente hiperativa. E não é de forma a auto elogiar-me que digo isso. Por contrário. Sou muito seletiva quanto ao que leio e ouço, mas nem um pouco em relação ao que falo e escrevo. Escrevo de tudo. Falo demais.

Escrevo, sobretudo, sem passar as idéias ao papel, ou salvá-las no computador. Escrever é uma atividade dúplice. Escreve-se primeiramente no intelecto e depois, simbolicamente, torna-se físico (ou não) o mentalmente escrito.

Há muito, não tenho coragem de prosseguir ao segundo passo do que considero escrever. Como já disse, escrevo muito, mas não é a tudo que dou vida física (logo, escrevo pela metade). O fato é que hoje cansei de ruminar certas idéias. Cansei de acumular escritos internos. Talvez exteriorizando certos pensamentos poderei ser mais entendida, não só pelos outros, mas especialmente por mim. Sou geralmente muito crítica em relação ao que escrevo. Talvez para poupar a todos de ler garbageria (ah, também adoro os neologismos!).

Enfim, fiz-me a promessa de não me extender demais nesse texto, mas não consigo não ser prolixa...

O propósito de escrever é, talvez, um propósito egoista! O texto é meu, minha cara, meu espelho. Escrever fisicamente - de forma a exteriorizar as idéias - é o ato de eternizar um ponto de vista pessoal (que ocasionalmente pode até ser senso comum). Todo e qualquer julgamento ao texto é o julgamento ao próprio autor. Somos o que escrevemos, disso não tenho dúvidas. Quando escrevemos belos versos, estamos exteriorizando um estado de espírito. Quando escrevemos bobagens, igualmente. Podemos ter diversas máscaras, mas quando escrevemos, nos revelamos.

E darei aqui um ponto final à minha reflexão, antes que me contradiga. Pois quando somos prolixos, tendemos a nos contradizer. Já que escrever é um processo de criação e, como todos os processos, suceptíveis a acidentes de cursos responsáveis, até mesmo, por mudanças de ponto de vista.

Luiza Amália